segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O Senhor Jeová e a Geografia da Terra de Israel


Um Breve Passeio Virtual Por Israel - Um Mundo à Parte - de Ontem de Hoje e de Sempre


Uma das razões por que muitos não conseguem entender a Bíblia é porque não há uma desconexão com a qual se possa evitar ter que olhar e compreender, também, a terra da Bíblia. Os 66 livros canônicos da Bíblia, assim como os apócrifos, todos, realmente se concentram apenas em um pedaço pequeno de terra estreito, no qual e pelo qual, as pessoas têm lutado ao longo de mais de 3.500 anos!

A Palestina bíblica é uma seção muito pequena de terra, entre Dan (no Norte) a Berseba (no Sul) são cerca de 250 km, com a distância média do mar Mediterrâneo ao rio Jordão de cerca de apenas 72 km!


Todavia, o moderno Estado de Israel é um pouco maior do que isso, uma vez que inclui todo o triângulo do deserto de Neguebe até Elate, mais 200 km ao sul de Berseba. Além disso, as curvas costeiras de Israel no Mediterrâneo expandiram, de modo que um ponto do território possa determinar 128 km de largura (se você desenhar uma linha a partir do Mediterrâneo, passando através de Berseba até o Mar Morto).

Na Israel moderna se você incluir a a "Margem Ocidental", os territórios da Judeia e da Samaria, é do mesmo tamanho do estado de Nova Jersey (se bem que esta não seja a melhor comparação, uma vez que quase ninguém vive (ou pode viver) nesse pedaço enorme de terra entre Berseba e Elate).

Tanto a topografia, quanto o clima, variam em graus enormes na Terra Santa. Você tem montanhas, montes, desertos, oásis, de uma só vez uma floresta, e ilhas. Lugares onde chove muito, e lugares que não vão ver chuva por muitos meses a fio. Deslumbrantes locais tropicais e outros locais que têm tanta vegetação quanto uma área de estacionamento. Você tem rios, lagos de água doce, mares de sal, e o mar Mediterrâneo. 

Em boa parte do território, os verões são bastante quentes mas, cai neve em boa parte dos rigorosos invernos, em locais como, por exemplo, a famosa pequena cidade de Belém (em hebraico: בית לחם, transl. Beit Lehem, lit. "Casa do Pão"), a Efrata (para diferenciá-la da outra Belém, no território da tribo de Zebulom e também para caracterizá-la como tendo sido formada por efratas, que é uma descrição para os membros da tribo israelita de Efraim, assim como para os possíveis fundadores de Belém, apesar dela ficar no território de Judá.

O Deus do Impossível: Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. Miqueias 5:2
A ocorrência de neve entre os meses de Dezembro e Janeiro na região de Belém torná muito pouco provável a data do nascimento do Senhor Jesus na data tradicionalmente comemorada por muitos cristãos (25 de Dezembro). De maneira geral, é muito pouco provável que os pastores estivessem no campo e ao relento, com suas ovelhas, em vigília noturna, nesta época do ano. "Ora, havia naquela mesma região pastores que estavam no campo, e guardavam durante as vigílias da noite o seu rebanho." Lucas 2:8. 

Nesta época inicia-se a estação das chuvas seguida por neve, a considerada estação de inverno, fazendo muito frio. Por isso, os pastores teriam seus rebanhos recolhidos e abrigados, e não nos campos e, nem tão pouco César Augusto teria convocado, por decreto, a todos do império para que fossem recensear-se com o clima impropício a ação do Estado nos dias do inverno.

Curiosamente, em Israel, encontra-se, ainda, o ponto mais baixo na Terra: o Mar Morto, que na sua parte mais aos Sul, está a um nível de 425 metros abaixo do nível do mar. Dá para entender o mistério de lugar aberto, onde a água precisaria se acumular a mais de 400m de altura para poder empatar com o nível do mar? Sem dúvida, é um dos lugares mais sobrenatural e impressionante de toda a Terra.

Uma das coisas maravilhosas que você como cristão pode fazer ao longo da sua vida, se você tiver uma oportunidade e se estiver com tempo algum desocupado, é dar umas boas voltas pela terra de Israel por si mesmo. Eu já estive em locais tão exóticos como o sudoeste japonês ou a Lapônia sueca, sempre viajando a trabalho mas, sempre encontrando bons momentos, também, para praticar o turismo cultural, todavia, conhecer Israel continua  sendo um sonho ainda irrealizado.

No entanto, de um modo virtual eu viajo bastante para Israel, não só pela frequência e interesse com que eu costumo ler a Bíblia mas, também, graças a inúmeros artigos, notícias e dissertações postadas e acessíveis ao compartilhamento na maior enciclopédia aberta da humanidade: a Internet. Sabendo utilizar bem, esse tipo viagem, pode se tornar também muito interessante e rico.

Mar da Galileia (também conhecido como lago Tiberíades ou lago Genesaré)
Viajar para Israel, para um cristão, faz com que a Bíblia, de uma maneira especial, ganhe vida, de múltiplas e variadas maneiras. Tudo que você tem a fazer, por exemplo, é estar em meio a uma não tão rara tempestade no meio do mar da Galileia, e ai você vai poder entender por que os discípulos estavam com tanto medo, especialmente se você estiver em um barco a remo.

Na verdade, o mar da Galileia (ou lago Tiberíades, ou lago Genesaré, ou ainda kinneret) não é um mar mas,  um lago de água doce. De fato, ele nem mesmo é tão grande assim: tem 19 km por 13 km, ou seja, apesar do formato bem melhor definido, ele é, no mínimo, 4 vezes menor que a represa de Jurumirim - SP. Nele entra o Rio Jordão, vindo do norte, mas não apenas o Jordão, também outros pequenos riachos e corredeiras menores, que chegam na face leste e nordeste do lago, descendo pela escarpa rochosa que vem das colinas de Golã. Todavia, o Jordão é o único rio que efetivamente sai do lago, pelo ponto extremo sul deste. Isso impressiona pois, o mar da Galileia é o lago de água doce de localização mais baixa em toda a face da Terra: a  superfície da água do lago se encontra ao nível de 200 m abaixo do nível do mar.

Se subirmos o rio Jordão, desde o ponto em que ele entra no lago Tiberíades (ou mar da Galileia), seguindo até uns 35 km rio acima, cruzaremos por uma região de agricultura fortemente desenvolvida.  Nesta região, o rio Jordão mais se parece com um belo canal de irrigação, tal é o cuidado com sua canalização e as benfeitorias em suas margens ao passar ladeando as fazendas e sítios. Naquele ponto de distância percorrida, durante toda a antiguidade, existiu um lago menor, de nome lago Semechonits (ou lago Huleh), todavia, atualmente, ele parece não mais existir.


Continuando a subir pelo Jordão, em direção ao norte, começamos a entrar  agora em uma região com aspecto um pouco mais selvagem e, se prosseguirmos ainda mais em direção ao sopé do monte Hermon, poderemos constatar que o rio se forma da junção de vários pequenos riachos e corredeiras, permanentemente alimentados pela neve do Hermon. Estamos chegando, então, na região da sede da antiga tribo de Dã, a chamada "tribo perdida do norte".

O rio Jordão, a partir de cerca de 35 km ao norte após o mar da Galileia.

Seja como for, virtual ou real, é viajando que você passa a entender a topografia, a geografia da terra, você entende a relação das localidades, das aldeias e das cidades, do homem e da natureza que o rodeia. Você entende como as batalhas históricas foram travadas e, mais, por que elas foram travadas em certos vales e no topo de certas montanhas específicas, e você poderá ficar ali naquele local e soltar a sua imaginação, visionando todo o cenário ocorrido antes de você estar ali. Talvez você possa até chegar a um entendimento consistente sobre porque Jeová escolheu o vale (ou planície) do Megido, também conhecido como planície de Esdraelon, para ser o local da batalha do Armagedom, o conflito final dos tempos.

O Vale do Megido começa a se espalhar para o norte e para o leste do Monte Carmelo, originando próximo a atual cidade litorânea de Haifa, e prossegue para o interior na direção ao leste, tendendo um pouco para sul, formando contiguidade com Vale de Jezreel, sendo que, na borda sul deste último, se encontra o sítio arqueológico da cidade de Megido. Esta região vem oferecendo uma passagem exuberante para viajantes internacionais desde os tempos antigos. 

O sítio arqueológico do Megido no alto do platô e o vale de Jezreel a frente
O sítio do Megido é uma das joias da arqueologia bíblica. Estrategicamente era a mais importante ponto de observação da rota terrestre do Antigo Médio Oriente, a cidade dominou o tráfego internacional por mais de 6000 anos, através dos tempos bíblicos. As civilizações vinham e se findavam, sucedendo-se novas casas e palácios construídos sobre as ruínas dos seus predecessores, criando um legado arqueológico sem paralelo de tesouros, que inclui templos monumentais, fortificações, e engenhosos sistemas de águas.

O grosso do comércio era, historicamente, feito por caravanas vindas do Egito por terra, seguido próximo a beira mar, cruzava de sul a norte todo o pais dos Filisteus, sendo, ainda, engrossada pelas atividade portuária dali, progredindo bem, logisticamente, a beira mar, até passar a cidade de Jope. Dai em diante, a rota era forçada a se desviar-se para o interior, adentrando a região da tribo de Manasses, devido ao obstáculo natural, formado pela serra do monte Carmelo.

Esta rota ficou conhecida como "Via Maris" e, o grosso das Caravanas usava a passagem de Aruna (Wadi Ara), para cortar a serra. Em um platô ao pé dessa Serra, próximo na saída da passagem de Aruna, se encontra a Cidade de Megido, formando uma cantoneira ideal para, de cima do platô, vigiar a rota no exato ponto de frente a vasta planície em que ela conflui para três diferentes direções.


Pelo mapa é possível verificar que a Cidade de Megido foi de extrema importância , tão importante como a própria cidade de Damasco, para o controle das rotas de comerciais entre o Egito e a Mesopotâmia.
A primeira referência bíblica ao a Megido é em Josué 12:21 quando o rei de Megido é relacionado em uma extensa lista contendo ao todo 31 reis cananeus que "Josué e os filhos de Israel feriram, aquém do Jordão para o ocidente, desde Baal-Gade, no vale do Líbano, até ao monte Halaque, que sobe a Seir; e Josué a deu às tribos de Israel em possessão, segundo as suas divisões." Josué 12:7. 

E prossegue em Josué 17:11-12: "Porque em Issacar e em Aser tinha Manassés a Bete-Seã e as suas vilas, e Ibleã e as suas vilas, e os habitantes de Dor e as suas vilas, e os habitantes de En-Dor e as suas vilas, e os habitantes de Taanaque e as suas vilas, e os habitantes de Megido e as suas vilas; três outeiros. E os filhos de Manassés não puderam expulsar os habitantes daquelas cidades; porquanto os cananeus queriam habitar na mesma terra.  E sucedeu que, engrossando em forças os filhos de Israel, fizeram tributários aos cananeus; porém não os expulsaram de todo."


Mapa da antiguidade de Monte Carmelo, Megido e Taanaque (Taanach), e os vales de Megido e Jezreel. A nordeste, o Lago da Galileia (Sea of Chinnereth). Mais ao norte Hazor, próxima do pequeno lago  que não existe mais.
Assim com o Megido, a cidade de Taanaque também ficava na borda setentrional da grande planície de Jezreel, só que mais ao sudoeste de Megido, também podia ser usada como rota comercial, porém, bem menos preferencial do que aquela que passa de frente a Megido, exigindo um desvio mais longo.


Passagem de Aruna, atual, e a rodovia 65.
A cidade de Megido veio a ser dominada plenamente pelos israelitas, somente a partir do reinado de Salomão, o que fez aumentar ainda mais a importância da rota comercial pelo vale de Jezreel, bem como pelo porto de Jope, uma vez que a crescente cidade de Jerusalém passava a definir um novo importante afluente comercial para ela.

"A razão da leva de gente para trabalho forçado que o rei Salomão fez é esta: edificar a casa do Senhor e a sua própria casa, e Milo, e o muro de Jerusalém, como também Hazor, e Megido, e Gezer." I Reis 9:15

Ambas as cidades estrategicamente fortificadas por Salomão, Megido e Hazor, faziam parte da rota comercial Via Maris, no trecho em que ela precisava atravessar para Damasco, fluindo por dentro do território de Israel. O trecho da rota entre Jope e Megido seguia aproximadamente o mesmo caminho que hoje faz a famosa rodovia 65.
O Megido é o único sítio arquelógico em terras bíblicas com vestígios de 30 cidades construídas uma sobre as outras. Cenário de muitas batalhas que decidiram o destino de nações e impérios. Guarda a mais importante via terrestre do mundo antigo, a Via Maris que ligava o Egito á Mesoptâmia. Juntou numerosas grandes figuras da história mundial, tais como o Rei Salomão de Israel e o Rei Josias o último monarca de Judá, Faraós como Thutmose III, Shishak e Neco do Egito e os Reis Tiglat III e Esar da Assíria e futuramente, atrairá o anti-Cristo.


“Então congregaram os reis no lugar que em hebraico se chama Armagedom” (Ap 16:16).
Sobre o vale local, Napoleão teria dito: "É o maior e mais propício campo de batalha sobre a face da terra." Se você puder estar ali, e puder subir num ponto de mirante elevado e lá de cima, olhar para baixo da montanha e olhar para aquele lugar todo, você pode entender por que ali teria sido em toda a história antiga um dos grandes campos de batalha do mundo. Em Geografia compreensão é algo muito importante.

Mapa de Jerusalém do tempo do Senhor Jesus Cristo
Se você entender, por exemplo, algo um pouco mais da geografia de Jerusalém, de que maneira a cidade se encontra alojada em um platô, você compreende por exemplo, aquilo que você lê sobre a prisão e sobre morte de Jesus Cristo e como Ele deixou a cidade aquela noite, enquanto Ele era traído e como Judas chegou até Ele, depois, "...junto com grande multidão com espadas e varapaus, vinda da parte dos principais sacerdotes e dos anciãos do povo." Mt 26:47

Judas, você se lembra, deixou a "Última Ceia", e foi-se a traí-lo. Após, junto dos demais discípulos, Jesus saiu, para fora da cidade e atravessou o ribeiro de Cedrom, subindo em seguida ao Monte das Oliveiras ... É muito significativo isso, porque nessa época, da Páscoa, cordeiros estavam sendo abatidos aos milhares e eles eram abatidos na parte de trás do monte do templo e o sangue corria pela encosta pedregosa abaixo, de trás do monte do templo, que está no lado leste de Jerusalém, descendo para o vale do Cedrom, o qual o ribeiro de Cedrom atravessa.

Próximo ao que foi um dia a antiga porta oriental (hoje chamada de "porta dourada" e que se encontra selada), que dava acesso direto ao antigo templo de Jerusalém, olhando para fora, há uma inclinação para baixo, em direção ao ribeiro, que leva para atravessar o riacho e há uma inclinação para a direita de volta para o Monte das Oliveiras. Sobre a pequena colina mais adiante está a cidade de Betânia e mais longe ao sul está Belém.

Proximidade do Getsemani e Monte das Oliveiras nos Dias Atuais
Jesus e seus discípulos desceram aquela colina e tiveram que atravessar o riacho de Cedrom. Nessa época do ano, época de Páscoa, o Cedrom ainda está cheio de água, mas ele se torna um riacho eventualmente seco no verão.

Todavia, naqueles dias, ele decerto tinha água, e a água deveria até estar vermelha de sangue por causa dos milhares de cordeiros que haviam sido sacrificados naquele mesmo dia, e cujo sangue costumava atingir aquele pequeno riacho. Não estaria Jesus cruzando-o, com um ato simbólico do Seu próprio sacrifício como o Cordeiro de Deus? Esse tipo de coisa é muito emblemática, e faz viva, para todo sempre, a Palavra de Deus.

Vista da cidade de Jerusalém atual observava de uma aeronave sobrevoando diretamente sobre o Monte das Oliveiras. Separando a  "Cidade Velha"  do Getsemani,  lá embaixo, na linha sinuosa descampada, o vale do riacho Cedrom - acima, entrando pela Cidade Velha,  o Domo da Rocha (mesquita de Omar) com sua cúpula brilhante. O templo que existiu no tempo de Jesus ficava ao lado dele (ver prox. foto).
Assim, dai surge a compreensão de alguns de que a geografia é, realmente, muito importante. Se você entender um pouco da geografia, para o norte, na Galileia, ou para leste, para o Jordão, e Betabara – local do batismo e berço do cristianismo, você vai entender muito a riqueza das histórias bíblicas.

Então me fez voltar para o caminho da porta exterior do santuário,
que olha para o oriente, a qual estava fechada. E disse-me o Senhor:
 Esta porta permanecerá fechada, não se abrirá; ninguém entrará por ela, porque o Senhor,
 o Deus de Israel entrou por ela; por isso permanecerá fechada. (Ezequiel 44:1-2)
Para isso, você tem que fechar algumas lacunas em alguns dicionários bíblicos e atlas. Mas hoje em dia, nem é mais necessário você ter inúmeros dicionários bíblicos e atlas em sua própria casa. Claro que não é ruim, caso você os tenha mas, hoje em dia é bastante vasta a quantidade de material que outrora residia só em papel e outros meios de suporte ainda mais perecíveis, mas que vieram a ser digitalizados, e hoje podem ser compartilhados por um número muito grande de pessoas, o tempo todo, para verificar a topografia e suas relações, e nos permitir imaginar mais realisticamente, caminhando pelas mesmas trilhas em que caminharam Moisés, Josué, Davi, Daniel, o próprio Senhor Jesus e outros.

Outra ferramenta geográfica importante, hoje em dia, é o Google Earth. Basta você digitar, mesmo em Português: “Jerusalém, Israel” e em poucos segundos você viajará e terá a sua disposição a imagem dos dias atuais desta antiga cidade, que lhe permitira explorações as mais variadas, bastante farte im informações e imagens. É uma poderosa ferramenta de conhecimento geográfico, e de uso gratuito numa versão bastante apreciável.

Uma outra vantagem onteressante da "viagem virtual", que só a Internet do século 21 foi capas de propiciar de maneira tão rica e, ao mesmo tempo barata, é que você pode andar (com seus olhos), com facilidade, até mesmo por locais restritos, nos quais, na realidade, as autoridades de administração local, por uma série de motivos, não permitiriam que você transitasse, ao vivo, mesmo pagando para isso. 

Se um dia eu viajar para Israel de verdade, eu me sentirei como que voltando a lugares onde eu antes já estive, porque, de fato, já estive mesmo, só que virtualmente, avaliando escalas, medindo distâncias de um jardim para outro, de uma aldeia para a outra, de uma cidade para outra, de um pais para outro, etc.

Quando você começa a trabalhar (e se divertir) assim, tudo o que passar, toda a história e compreensão da Escritura Sagrada, torna-se maravilhosamente mais rico e vivo. A cultura hebraica sempre levou a questão dos "nomes e seus significados" muito a sério em relevância. Aliás, está é uma característica bastante marcante do idioma hebraico. Por exemplo, “Jordão” é uma palavra que significa “descer profundamente”, e é justamente assim que se comporta o rio que recebeu este nome.


O rio Jordão começa em três locais no norte de Israel, e uma das suas fontes (a principal) provém de uma montanha chamada Monte Hermon, que é, na verdade, um conjunto de montanhas com três distintas cimeiras, que se elevam a nordeste do mar da Galileia, na fronteira entre o Líbano e a Síria, na zona tampão entre Síria e área militarmente ocupada pelo atual Estado de Israel, a uma altitude de 2814 m acima do nível do mar, e a foz do rio Jordão, depois de percorrido todo o seu vale, chega a estar a cerca de 400 m abaixo do nível do mar, depois que ele deságua no Mar Morto (que não é mar, mas um lago), o que significa que o rio Jordão ao longo de todo o seu curso, da nascente, nas cimeiras do Hermon, até a foz, desce a incrível marca de mais de 3200 m!

Topografia de Israel e do Rio Jordão - Compare a altitude do Jordão com a de Jerusalém e com a do "Monte Nebo, que está na terra de Moabe bíblica (atual Jordânia)" Dt 32:49 - Descer ao Vale do Jordão é descer ao mais profundo vale existente na terra. "Naquele mesmo dia falou o Senhor a Moisés, dizendo: Sobe a este monte de Abarim, ao monte Nebo, que está na terra de Moabe, defronte de Jericó, e vê a terra de Canaã, que eu dou aos filhos de Israel por possessão; e morre no monte a que vais subir, e recolhe-te ao teu povo"; 
Olhando para o Lado de Israel, de certa altitude do Monte Nebo - Creio que deva ser bastante raro a ocorrência de dias de céu mais aberto do que isso, em que se possa ver mais longe mas, o Senhor Jeová preparou e Mouses pode ver (a uma altitude entre 800m e 850m  acima do nível do mar). Lá embaixo, no sopé da montanha existe um povoado jordaniano que naquele tempo não existia - O rio Jordão está passando mais adiante, lã no meio do vale (no meio da foto, a cerca de 23 km daqui do ponto de observação, em linha reta) - Bem a direita da imagem, da pra ver apenas um nuance, uma ponta da cidade de Jericó atual (que fica após a travessia do Rio Jordão, cerca de 28 km em linha reta). Ali é, desde os tempos bíblicos, o povoamento humano localizado em mais baixa altitude do mundo começando em cerca de 300 m negativos.

O rio Jordão é curto, mas a partir das suas cabeceiras nas montanha (cerca de 160 quilômetros ao norte da desembocadura do rio no Mar Morto antes de chegar a território jordaniano o rio forma o lago Tiberíades (o famoso, mar da Galileia por onde Jesus andou, literalmente, sobre as águas), cuja superfície já se encontra a cerca de 200 ~ 210 metros, abaixo do nível do mar.

O principal tributário do rio Jordão é o rio Yarmuk. Poucos quilômetros logo após o Jordão sair do Mar da Galileia Perto da junção desse dois rios, o Yarmuk forma a fronteira entre Israel no noroeste, a Síria no nordeste e a Jordânia no sul. Já a cerca de metade do caminho entre a saída do mar da Galileia e a entrada no Mar Morto, o rio Az Zarqa, o segundo principal afluente do rio Jordão, chega e se esvazia totalmente dentro da margem leste dele.

A fenda do vale tem cerca de 99 km de extensão (em linha reta) e vai desde o entrocamento com o rio Yarmuk, no norte até o ponto da desembocadura, no mar Morto (ou seja, cerca 380 km se considerarmos que  se estende até a região de Al Ácaba, no extremo sul, a oeste da península do Sinai, bem depois de ter terminado o Mar morto, como é de costume alguns visualizarem).

Mar Morto (a região Terrestre mais baixa de toda a Terra - mais de 400 m abaixo do nível do mar

Aquele trecho de 99 km é que é referido comumente como “O Vale do Jordão”, que é, em geral, delimitada por uma escarpa íngreme, tanto na margem leste quanto na oeste, e o vale atinge uma largura máxima de 22 km em alguns pontos. O vale é conhecido como a Ghawr Al (que significa a depressão, ou vale, também conhecido como Al Ghor).

No mês de Abril (estação de primavera no hemisfério norte), que é a época de colheita (e lá eles tem apenas uma colheita/ano e não múltiplas colheitas como o que acontece, em geral, aqui no Brasil). O lado do Monte Hermon, que está diretamente de frente para o norte do rio Jordão, vai derretendo a maior parte de sua neve de inverno, durante esta temporada particular.

Rio Jordão em sua vazão máxima de primavera (no mês de Abril) correndo em direção ao Mar Morto.  "Do alto estendeu o braço e me tomou; tirou-me das muitas águas." Salmos 18:16. "A voz do Senhor ouve-se sobre as águas; o Deus da glória troveja; o Senhor está sobre as muitas águas." Salmos 29:3. "Sendo assim, todo homem piedoso te fará súplicas em tempo de poder encontrar-te. Com efeito, quando transbordarem muitas águas, não o atingirão." Salmos 32:6.  
Deste modo, o rio Jordão que até então, parecia um rio calmo, adquire agora uma massa violenta e furiosa de água, aumentando a sua vazão em cerca de 50 vezes mais, e se tornando mais largo do que um campo de futebol em alguns trechos. As águas descem revoltas e espumantes num espetáculo magnífico.

O rugindo feroz das águas do caudaloso rio Jordão dessa época é deveras surpreendente e chega mesmo a ser assustador. Ai, então, eu me faço uma pergunta (a mim mesmo e ao Deus do universo), alias, uma pergunta apenas não mas, duas perguntas:
  1. Aquela água toda que desce violentamente pelo rio Jordão durante todo o mês Abril, e que continua a descer em menor volume o ano todo, não vai desaguar no Mar Morto? Para essa pergunta eu creio que sei a resposta, e ela é sim!

  2. E o Mar Morto, então, deságua aonde?
Afinal, o que acontece com a toda aquela água que desce pelo rio Jordão? Água que tem um significado simbólico de valor histórico, tanto para judeus quanto para cristãos, e que chega ao Mar Morto? Tudo bem que o rio Jordão é a única fonte de entrada de água ali mas, ela está sempre entrando, continuamente!

Bem, a explicação é a seguinte: quando o rio termina e ele se espraia em forma de um lago que chamamos de Mar Morto, com uma ampla lâmina d'água em uma região desértica e muito quente. Dai, uma boa parcela de toda aquela água vira, simplesmente, vapor atmosférico, mas essa pode não ser a maior parcela "água que some".

Algo que pode consistir num "quase desastre ecológico e histórico" causado por mãos humanas, ao sul do mar Morto, pois ele  acelera a evaporação da água e, creio, que só não se tornou pior pela misericórdia de Deus, que converte o mal em bem. Boa parte das grandes nuvens que podem ser observadas na imagem, muito provavelmente, provêm de tal evaporação, mas nada que o homem faça com suas mãos pode garantir que tais nuvens venham a ser úteis.
Além do mais, nos últimos 50 anos o mar Morto até mesmo diminuiu, ligeiramente, de tamanho, devido ao impacto ambiental causado pela implantação de salinas para exploração de cloreto de potássio, na parte extrema sul dele. Essa obra gigantesca, porém que pode se revelar um tanto quanto desastrosa, pode ser observada com ricos detalhes pelas imagens geradas por satélites do Google Earth.

A maior parcela da água entregue pelo rio Jordão ao mar Morto é, simplesmente, “devorada” por infiltração irrigando o solo, tanto redor da área do Mar Morto, quanto daquela área, mais ao sul onde se encontram as salinas de exploração de cloreto de potássio. Poderia se pensar que houvesse a tendência dela tentar prosseguir em direção sul, mas a partir dali a altitude da superfície o solo começa a se elevar, gradualmente, então ela simplesmente pode penetra no solo daquela região muito árida, que recebe menos de 50 mm de chuva por ano, até aparentemente desaparecer.

Mas ela, a água, está lá, no subsolo, e beneficiando alguma atividade agraria, existente tanto ao sudoeste e, principalmente ao sudeste do mar Morto (já na Jordânia, confira no Google Earth), em uma região onde tal atividade humana não seria possível sem ele, e sem o rio Jordão que o abastece.

Apesar das salinas de cloreto de potássio parecerem uma extensão natural do Mar Morto, elas não são: houve escavações ali que as formaram. Existe um apêndice do Mar morto, que surge por bombeamento e infiltração, que ocorre em seu extremo sul. No entanto, é por um fino canal, escavado, que corre de norte a sul, marginal à borda desse apêndice, que a água captada por estação de bombeamento, drenando pelas tubulações 9 m3/s de água salgada, diretamente do Mar Morto, que é levada até a área de malha de salinas.

Compare mapas de Israel antigo com mapas atuais, tomando como referência, por exemplo, a pequena localidade de Arad, que fica muita próxima, e na mesma latitude, das ruínas da antiga Arad (Tel Arad) dos tempos do rei Davi. Não havia, nos tempos bíblicos, extensão do Mar Morto que fosse ao sul, para além da latitude de Arad, que é, praticamente, a mesma latitude de Berseba (Beer-sheba), que fica mais para oeste de Arad.


Sítio Arqueológico de Berseba nos dias atuais, distante poucos quilômetros a leste da cidade moderna.
Berseba, que foi uma importante localidade bíblica, onde Jeová proveu que fosse celebrada a paz entre Isaque (filho de Abraão, "que plantou um bosque em Berseba, e invocou lá o nome do Senhor, Deus eterno. (Gênesis 21:33)) e Abimeleque (rei dos Filisteus), de modo semelhante ao que já havia ocorrido tempos antes, nesta mesma localidade, com os seus pais, e que os servos de Isaque cavassem um novo importante poço, para que eles se assentassem em paz e prosperassem (Gênesis 26:23-33). 

Todavia, hoje em dia, as salinas se estendem por aproximadamente uns 33 km mais ao sul do Mar Morto, provavelmente alagando terras e ruínas de alguma das localidades por onde andou Davi e seus correligionários, nos dias em que eles fugiam da perseguição do rei Saul, enquanto as mãos de Jeová os protegiam e sustentavam (veja I Samuel 23:24-28) em seu exílio.

Mas estas salinas ao sul não são a única ocorrrência de grande bombeamento de água a partir do Mar Morto, que é feita, também, em outros pontos, Uma grande estação de bombeamento, por exemplo, fornece água salgada do norte do Mar Morto para as fábricas, com cinco bombas de água poderosas com 5,000Hp cada, instalados. O projeto envolveu erguer estruturas marítimas de grande escala, dragagem, a criação de sistemas elétricos de alta tensão, obras de construção mecânica e civil e muito mais.


Sempre que tentamos entender as ações de Deus, um fator essencial em Sua natureza é que, embora Ele, de fato, seja o “Deus Todo-Poderoso” e o Soberano do universo, Ele também é “misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade” (Joel 2:13), conforme nos declararam os profetas. Ao meu ver, toda essa geografia e seus fenômenos curiosos revelam isso.

Além disso, o apóstolo Pedro descreveu a intenção básica de Deus para a humanidade em 2 Pedro 3:9: “... ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento”.

É obvio, então, que a vontade básica de Deus para o ser humano é que este seja salvo, e que nenhum se perca. Portanto, partindo dessa compreensão, é possível discernir o Seu propósito em advertir tantas vezes o homem quanto ao que acontecerá “logo em seguida à tribulação daqueles dias” (Mateus 24:29), a reaparição gloriosa de Jesus.

O principal objetivo do período de tribulação será abalar os alicerces de todo sistema humano e invadir o pensamento e coração do homem com todo tipo de juízos e atos de misericórdia, de modo que todos que estiverem vivos durante aquele período de desfecho da história, possam por fim perceber que Jeová existe e que ele é o único Deus e, da necessidade de invocar o nome do Senhor e de adorá-lo, em Espírito e em Verdade.



Deus do Impossível (Trazendo a Arca)

Quando tudo diz que não
Sua voz me encoraja a prosseguir
Quando tudo diz que não
Ou parece que o mar não vai se abrir
Sei que não estou só
E o que dizes sobre mim não pode se frustrar
Venha em meu favor
E cumpra em mim teu querer

O Deus do impossível
Não desistiu de mim
Sua destra me sustenta e me faz prevalecer
O Deus do impossível
O Deus do impossível

Quando tudo diz que não
Sua voz me encoraja a prosseguir
Quando tudo diz que não
Ou parece que o mar não vai se abrir
Sei que não estou só
E o que dizes sobre mim não pode se frustrar
Venha em meu favor
E cumpra em mim teu querer

O Deus do impossível
Não desistiu de mim
Sua destra me sustenta e me faz prevalecer
O Deus do impossível
O Deus do impossível

Dedico este estudo ao Pr. Gilvan, um homem somples, e de Deus, amante da palavra inspirada e meu amigo, pastor da Igreja A. D. Betel para as Nações - em Osasco - SP - Brasil

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Este trabalho de André Luis Lenz, foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.
 
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